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Páginas Escritas

Responsabilidade com os próprios sentimentos é fruto do autoconhecimento

Por Cristiane Mazará

(Sou graduada em Turismo e pós-graduada em Marketing, Consultora em Feng Shui desde 2011, realizo palestras, além de atuar em tratamentos como Aromaterapeuta).


Pensei em escrever esse acontecimento há cerca de um mês. Mas pensando bem, você sabe o que isso acarretaria? Teria feito um texto cheio de raiva, críticas e julgamentos, provavelmente muitos se identificariam e também postariam comentários com críticas e ressentimentos. E tudo que precisamos neste momento é de um olhar mais positivo e de atitudes mais positivas. Por isso hoje me sinto grata em poder compartilhar essa história com outro olhar e sentimento.


Esse texto é sobre responsabilidade, críticas e julgamentos, e a mudança de foco para tentar transformar tudo isso em compaixão, empatia e autoconhecimento.


Desde o início da quarentena tenho me mantido tranquila, observando as coisas à minha volta, mas para mim a vida pouco mudou. Trabalho há sete anos em casa e dar conta de conciliar o trabalho, filho, casa... é minha rotina. Portanto recebi esta fase de isolamento com naturalidade. E assim tenho me comprometido com as orientações de ficar o maior tempo possível dentro de casa, usar máscara, manter a distância de familiares e amigos. Acontece que uma das atividades que realizo em casa, exige que eu me desloque para fazer entregas. E é ai que essa história começa.


Era um domingo de muito sol, agradável, desses que dá vontade de sair para passear. Então saí de casa para fazer as entregas e uma delas seria feita na casa da minha mãe. Fiquei com o coração apertado por saber que chegaria tão perto, mas não a veria, apenas deixaria o pacote na portaria. Em meu trajeto de carro passei por praças e grandes avenidas e para minha surpresa, havia muita gente na rua, caminhando, se exercitando, fazendo pic-nic, a grande maioria, cerca de 90% das pessoas estavam sem máscaras, sem respeitar o distanciamento sugerido... Era um domingo ensolarado como outro qualquer. Apenas observava, mas quando finalmente fiz a entrega na portaria do prédio onde minha mãe mora, desabei a chorar. Sentia muita raiva, me sentia tola e com vontade de gritar; senti que o que eu e minha família fazíamos pelos outros não era recíproco. Enquanto me privava da presença de quem amo, as pessoas desfrutavam de um domingo de sol como se nada estivesse acontecendo.


Tive vontade de publicar um "textão" nas redes sociais para mostrar minha indignação. Mas foi quando me dei conta de que cada um percebe esse momento a seu modo e entendimento, de acordo com suas experiências, expectativas, missão e responsabilidade. Percebi que era hora de ser adulta nesta situação, não a criança que chora porque não pode brincar com os outros, assumindo que a crítica era a minha projeção sobre o que no fundo eu gostaria de fazer.


Trouxe então a responsabilidade para mim, pois devo saber qual é meu papel nesta situação, mesmo que seja a mesma para todos, mas que cada um responde a seu modo. Não tenho controle pela atitude do outro, somente pela minha, decido o que devo fazer e o que é importante para mim e para minha família. Ao respirar fundo e me abster da crítica e do julgamento, consegui compreender que cada um vive seu processo dentro de um mesmo cenário. Por isso, como disse no início, agradeço por ter me presenteado com a oportunidade de olhar para dentro antes de sair criticando o que está fora, pois provavelmente causaria mais raiva, críticas e ressentimentos.


Com certeza eu não estaria dizendo a verdade, pois cada um tem sua própria verdade. Foi então que finalmente consegui responder a esta grande questão do momento:

"O que será da minha vida após o isolamento? Certamente o que eu fizer dela até lá!"


Após elaborar tudo isso e perceber que poderia falar sobre o assunto com mais leveza e positividade, sob outro ângulo me deparei com esse pensamento no perfil de um amigo nas redes sociais:

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos." - (Mahatma Gandhi)

Compreendi que se ainda não me for possível desenvolver compaixão ou empatia por este momento que vivemos, pelo menos tolerar e aceitar o que não posso mudar, um dia de cada vez, torna-se um grande exercício rumo ao caminho de um amor mais fraternal. Afinal, apenas nos é possível evoluir graças a diversidade de pensamentos, sentimentos e ações, pois cada um compartilha o que tem e essa é a riqueza do Ser.




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