Estamos no meio de uma pandemia.
Sujeitos a velhas e novas doenças,
Presos em casa, em máscaras e costumes,
Cortejando os bons e melhores remédios.
Quando o que precisamos são novas doses de boas maneiras.
Estamos cercados por uma endemia.
Não basta fazer o exame clínico.
É preciso evitar o vexame clínico.
Não adianta ter frascos sem ter comprimidos.
Deixemos de ser fracos e ser menos oprimidos.
Ser menos por boca e ser mais por ouvidos.
Melhor entrar logo num consenso.
Regar a semente de uma outra ideia.
Dispensar as falácias e muitas podreiras,
Também forças negativas e pragas verbais,
Tantas mentiras escritas e outras balelas ditas.
Quando o que precisamos são pílulas de boas alegrias.
Estamos vivendo uma epidemia.
Pouco resolve a repetição da mesmice.
Contaminação por tudo que já se disse.
Resolve mesmo é ter senso crítico.
Não propagar infâmia, lorota e bestices.
Umbigo sujo não incomoda ninguém.
Dedo sujo espalha viral e vírus também.
Língua suja emporcalha as verdades.
A podridão da cria destrói a colmeia.
Deixe estar os alheios insultos, boatos gratuitos;
Descartar siglas confusas e invenções mal difusas.
Quando o que precisamos são mudas e raízes de bons canteiros.
Estamos enfermos curando ferida
Ninguém gosta de fruta já mordida
Como não se mastiga o que é líquido
Sabor amargo-medicinal faz ter careta
Experimentas picar-te a ti próprio
E sentirás a pouca dor no corpo alheio
Tente fazer um autoexame intracutâneo
E provarás o muito da dor na pele alheia
Andamos a passos curtos com indignação
Alimenta-se de vontade pela discórdia
Toca-se as feridas daquilo que é bom.
Tapa-se os curativos com papel crepom.
Quando o que precisamos é dar um basta ao que não presta.
Bom mesmo seria tomar uma só dose, uma panaceia!
Comments