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Páginas Escritas

As pessoas que atravessam nosso caminho

Enquanto caminhamos, mais vezes olharmos à frente, vezes pra baixo, às vezes de lado. 


Enquanto caminhamos, menos vezes olhamos para cima, para o alto, pouco para dentro. Enquanto caminhamos, muito plantamos, algumas vezes colhemos, tanto jogamos fora.


Uma curva, um ponto de partida, uma margem... e percebemos (do verbo receber) pessoas que são um presente, pelo simples fato de existirem. São aquelas pessoas com quem você passaria horas não contabilizadas no relógio, apenas divagando em conversas desconexas.


Levante a mão quem não puder eleger aquela pessoa que mais parece ter vindo embrulhada com adornos dourados em sua vida! Sejam pessoas (no plural ou tão somente uma) que flutuam com facilidade por qualquer assunto, são presentes mesmo quando ausentes, permitem fazer com que aspectos fluam aleatoriamente.


Não estou falando especificamente de uma pessoa amada nem me refiro àquela pessoa tida como a alma gêmea; não é sobre quem popula nosso coração, quem preenche nossas horas, quem pulula nossa retina. Não vou classificar quem é presente em nossa vida pela paixão, pelo sentimento afetivo/carnal, ou por laços de comunhão, pois à pessoa do coração valerá mais um punhado de poesia que este singular ângulo de visão.  Tampouco é sobre a vida de alguém em especial, menos ainda sobre nossa própria vida - ou de outrem. 


É sobre alguém que nos faça ver o céu mais azul, que tire as nuvens cinza de nossa frente e nos impulsione além. É sobre quem parece ter nascido para fazer o algo mais sobre nós. Daquela conexão misteriosa, onde os pensamentos se completam e você apenas sente, sem nada menos nem muito mais. É sobre quando você quer dar um “oi” apenas para receber um “e aí” de volta, mesmo que pelo eterno instante de uma xícara de café.


Tem gente que cruza o nosso caminho e nos muda a direção. Assim como nós cruzamos o caminho de pessoas, sem se dar conta, que de bate-e-pronto, as levamos a outro rumo. Simples assim! A vida pode nos embrulhar para presente e nos entregar para alguém. Mas é fato que a vida embrulha uma pessoa para presente e entrega a nós, sem informar quando, como e porquê.


Eis que chega o dia em que o momento é nosso, o caminho é outro, o horizonte é novo. Até chegar o dia em que o momento é outro, o caminho é nosso, o horizonte é remoto. Então em nossa mente entendemos quem foi essa pessoa, o que fez essa pessoa, o que nos causou tal pessoa. 


E o presente é todo nosso, porque no passado foram elas, ainda que no futuro, não necessariamente, seja do destino, já que o destino é o que fazemos, por vez com uma mãozinha alheia, outra vez com um passo a mais, como um sopro no mar. Mar que não é suficiente para só uma pessoa, precisa-se mais que um oceano para retribuí-las.

Porque elas têm um nome, preposição e sobrenome, que nos inspiram a homenagear os poucos e valiosos presentes da vida. 


Porque são vivas, são almas, são vivalmas que nos dão velas para enxergar no escuro, independente do que seja obscuro, oblíquo, longínquo... 


Porque são pessoas que atravessam nosso caminho, sem esbarrão, sem qualquer supetão, sem tropeços; como ventos que não passarão, e assim permanecerão. 


Um passo adiante, caminhando... meia-volta, volver! Pulso firme, erga a cabeça, olhos atentos, lembre-se de quem foi seu ponto de luz, mentalize o que representa esta pessoa. Agradeça o presente!

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