Somos feiticeiros com poder nas mãos, no olhar e nas palavras. Nossas mãos podem trazer acalento ou agressão. Nosso olhar pode iludir ou encantar. Nossas palavras podem ser o elixir da cura ou a semente da discórdia.
As palavras são, portanto, o principal ingrediente desse caldeirão mágico. Através do que é dito ou escrito podemos convidar os povos a dançar, semear a alegria e a esperança ou podemos construir muros, espalhar ódio e medo. Este sim é um legítimo poder e ele é todo nosso. Assim, cada manifestação se torna um ato de magia e define qual tipo de feiticeiro escolhemos ser.
Desde tempos remotos ensinam-se que as palavras têm poder. Toda palavra traz em si uma ideia. Tantas são as culturas e ideologias que promulgam as valiosas lições sobre o cuidado que se deve ter com a palavra. Tem aquela estória de um professor que, para corrigir a atitude um aluno que difamou o colega, pediu que escrevesse a ofensa num pedaço de papel, depois que rasgasse em muitos pedaços e os soltasse no páteo assolado por uma ventania. Em seguida ordenou que o aluno recolhesse os pedaços pra juntá-los e rever a ofensa feita. Tendo respondido o aluno que isso seria impossível, pois já não conseguia ver para onde foram os pedaços espalhados e perdidos ao vento, o professor deu-lhe a conclusão: assim acontece com nossas palavras, que depois de ditas já não mais nos pertencem nem sabemos mais ao certo qual o seu destino.
De tal analogia, algumas poções de ensinamento:
– Devemos prestar mais atenção no que temos a dizer/falar e escutar todos os lados envolvidos. Em toda discórdia há no mínimo duas versões, além da verdade!
– Ponderar quais sentimentos nos movem: ódio, ciúme, vingança, inveja ou bondade, amor, paz, ternura...
– Cuidar para não travestir o desejo de vingança com as vestes da justiça. Não raro, sob a falsa e pretensa alegação do ato nobre, oculta-se a sinceridade, dando-se vazão a sentimentos densos e sombrios.
– Sejamos claros e objetivos em nossas palavras. Não é não; sim é sim! Melhor expor o raciocínio serenamente e respeitar o entendimento alheio. Fazer com que nossos corações nunca esqueçam que a boa semente não se perde e, no momento oportuno, germinará.
– As mais sábias palavras despencam no abismo se não forem o espelho das atitudes de quem as disse.
– Usemos a honestidade do verbo sem finjir afeição, lembrando que o amor comum é a força mais poderosa que existe. O amor é a matéria-prima dos milagres e a palavra bemdita dá direção aos cegos, leva verdade aos surdos e mostra clareza aos mudos.
– A sabedoria empresta cores à filosofia das mais diversas tradições. Reconhecer a árvore através de seus frutos como um belo quadro desenhado com as melhores tintas. Somos como a árvore, cujos frutos são nossas palavras (e atitudes).
– Desistamos de envenenar a humanidade com falsas e maldosas palavras. Mais valoroso é alimentar o mundo com pitadas de bons gestos até fazermos juntos uma ceia farta de virtudes.
E vale deixar uma mensagem final: – "Você se define a cada ato e a cada palavra".
(Inspirado no texto de http://yoskhaz.com)
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