É fácil perceber como certos trechos de músicas falam exatamente aquilo que precisamos ouvir. Respiramos fundo com versos de poesia que dizem o que queremos de dizer mas não encontramos aquelas palavras exatas. Ficamos admirados quando vemos algumas cenas de filmes mostrando momentos e lugares onde queremos estar.
Uma frase famosa tenta explicar isso: "a vida imita a arte que imita a vida".
Mas... querendo viajar um pouco mais na maionese, proponho o seguinte:
a) imagine você assistindo o filme que narra sua própria vida, como se fosse uma reprodução fiel ao que você já viveu, está vivendo ou que vai viver. E ai? Seria um filme de realidade ou ficção? Seria do gênero comédia, aventura, terror, drama ou tudo isso ao mesmo tempo? Seria na faixa de classificação livre ou para maior de idade?
b) imagine um grande compositor (famoso ou não) escrevendo uma canção em homenagem a você e sua trajetória de vida. Também vale imaginar você sendo o grande compositor ou intérprete desta canção pois será sua vida na canção da sua vida.
c) sendo mais comum porque muitos já o fizeram, que tal escrever e publicar um livro com a sua biografia (até quem sabe apenas autorizar que outra pessoa escreva). Que título esse livro teria? Haveria um prefácio especial e dedicado a alguém? Daria para seu filho ler?
Não parece ser um exercício simples, né! Talvez nem traga benefício algum fazer tal proposição. Mas não importa, pois o que trago aqui é a reflexão do que a vida da gente tem a contribuir para a arte. Tal como a arte possa contribuir para nossa vida.
É sempre uma questão complexa ter o domínio total do que temos, do que fazemos, daquilo que sonhamos e de tudo o que esperamos em nosso viver. Por mais que sejamos donos do nosso nariz, de algum modo temos de pagar por ele. Quando não no sentido monetário, pudera ser no figurado, vez em que, ora na vida fazemos papel de autor, ora papel de artista.
Costumamos dizer que há coisas na vida que não tem preço. De fato, existem. No entanto a difícil arte de viver nos cobra o preço de servir e ser servido, de comprar o futuro, alugar o presente e vender o passado, de construir uma história, preservar uma imagem e deixar nome na memória. Terminar a obra de arte em si, ao mesmo tempo como personagem e espectador.
Para fechar a dissertação vou adaptando o trecho de uma música que traduz um pouco do que foi abordado.
"É apenas um pensamento, só um pensamento. Mas, se minha vida está para alugar e ainda não aprendi a comprá-la, então não mereço nada mais do que tenho. Porque nada do que eu tenho é verdadeiramente meu.
Sempre pensei que adoraria viver perto do mar, viajar por todo o mundo, viver de forma mais simples. Se já não tenho ideia do que aconteceu, se foi só um sonho ou foi apenas um pensamento, enquanto vou assim com medo de falhar, sem nem tentar, como vou saber que estou vivo?"
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